Principais Destaques
- China anuncia intenção de adotar política monetária “moderadamente frouxa” e estratégias fiscais “mais proativas” visando estimular a atividade econômica
- Autoridades econômicas utilizarão reduções de taxa de juros e requisitos de reserva “flexivelmente” para garantir estabilidade no crescimento
- Economia chinesa caminha para finalizar um ano inesperadamente resiliente, alcançando superávit comercial anual de bens acima de $1 trilhão, marca histórica inédita
- Nos últimos meses de 2025, o ritmo de crescimento desacelerou, com consumo doméstico apresentando fraqueza
- Setor imobiliário segue como fonte de grande preocupação, especialmente após a proposta da China Vanke Co. de postergar pagamentos de títulos, causando abalo nos mercados
Detalhamento
Um compromisso com a implementação de política monetária “moderadamente frouxa” e medidas fiscais “mais proativas” foi anunciado pelos formuladores de política econômica da China após a Conferência Central de Trabalho Econômico, que contou com a presença do Presidente Xi Jinping e definiu os direcionamentos econômicos para 2026.
A utilização “flexível” de reduções nas taxas de juros e requisitos de reserva foi sinalizada enquanto a segunda maior economia global se aproxima do fim de um ano resiliente, apesar das tensões comerciais com os EUA e problemas no setor imobiliário. O crescimento foi sustentado pela expansão das exportações, com superávit comercial acima de $1 trilhão pela primeira vez na história.
Observa-se desaceleração no último trimestre de 2025, com demanda consumidora reduzida e produção excedente afetando a rentabilidade das empresas. No mercado imobiliário, preocupações aumentaram após a China Vanke Co. propor adiamento de pagamentos de títulos, enquanto dirigentes manifestaram intenção de manter a atual estratégia de estímulos moderados.
Impacto no Mercado de Minério de Ferro
Os estímulos econômicos chineses apresentam implicações significativas para o setor de minério de ferro. A flexibilização da política monetária tende a aumentar a liquidez no sistema financeiro, potencialmente favorecendo indústrias com uso intensivo de aço. Como maior importador global de minério de ferro, a China absorve mais de 70% do volume comercializado por via marítima.
As medidas fiscais proativas frequentemente traduzem-se em ampliação dos investimentos em infraestrutura e possível suporte ao setor imobiliário, ambos com consumo expressivo de produtos siderúrgicos. As dificuldades deste setor, que responde por aproximadamente 40% da demanda chinesa por aço, têm exercido pressão negativa sobre a demanda por minério durante 2025.
Contexto para Traders Brasileiros
Os exportadores brasileiros de minério de ferro devem acompanhar os sinais de estímulo econômico emitidos pela China. Como segundo maior exportador mundial deste minério, o Brasil tem na China seu principal mercado consumidor. As estratégias fiscais mais ativas podem favorecer o aumento da demanda por materiais de construção e, consequentemente, de aço e minério de ferro.
Contudo, os desafios do setor imobiliário chinês, como demonstrado pelo episódio envolvendo a Vanke, permanecem como fator de atenção. A robustez das exportações chinesas também indica que a atividade industrial, incluindo o setor siderúrgico, mantém-se consistente, embora impulsionada principalmente pelo mercado externo.